4 Pilares da Autoestima
Os verdadeiros 4 Pilares da Autoestima
Karina Ribeiro
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4 Pilares da Autoestima
A proposta dos "quatro pilares da autoestima" de Walter Riso — consciência, autoaceitação, responsabilidade pessoal e autoafirmação — pode parecer, à primeira vista, razoável e até compatível com uma ética pessoal que valoriza a dignidade do ser humano. No entanto, sob a luz da moral e da antropologia, é necessário ir além das aparências e examinar suas fundações, pois aquilo que se edifica sobre a areia do subjetivismo moderno não pode sustentar o edifício da verdadeira dignidade.
Consciência de si: No pensamento moderno, "consciência de si" costuma significar uma autocentralização que, com frequência, substitui o conhecimento do próprio dever e da verdade objetiva por uma espécie de introspecção narcísica.
O conhecimento de si deve estar relacionado com o reconhecimento das próprias falhas — um passo necessário para a humildade. A verdadeira consciência de si é a que reconhece a própria condição de criatura, marcada por muitas faltas, e a necessidade de "sair de si".
Autoaceitação: Aqui se esconde um risco sutil. A autoaceitação, se desvinculada da verdade moral, pode se converter numa legitimação do estado de mediocridade ou de corrupção.
Deve-se aceitar a si mesmo como obra de Deus, sim, mas não para justificar os próprios limites, e sim para superá-los e buscar a grandiosidade. Aceita-se, portanto, a própria condição humana como ponto de partida, mas nunca como ponto de chegada.
Responsabilidade pessoal: Esse é o pilar mais próximo da moral. A responsabilidade, no entanto, precisa ser compreendida como dever — não como autonomia desvinculada da ordem moral objetiva.
O que distingue o homem maduro não é a autossuficiência, mas a obediência lúcida à verdade, ainda que custosa. A virtude, não o "empoderamento", é o verdadeiro fruto da responsabilidade.
Autoafirmação: A autoafirmação, no vocabulário moderno, costuma ser sinônimo de impor-se, de fazer valer desejos ou opiniões pessoais, mesmo à custa do bem comum ou da ordem objetiva.
A moral, por sua vez, chama à renúncia de si, para servir à um propósito maior e bom. O homem não é chamado a afirmar-se, mas a oferecer-se.
Em suma, a estrutura proposta por Walter Riso repousa sobre uma concepção de ser humano autorreferencial e autodeterminante — ideias oriundas de um humanismo antropocêntrico que divorcia a liberdade da verdade.
Uma nova proposta para os Quatro Pilares da Autoestima
Para que a alma humana se firme na verdadeira estima de si — aquela que não deriva de vaidades flutuantes, mas da participação no Bem — proponho os Quatro Pilares da Autêntica Autoestima, fundamentados na solidez das virtudes: humildade, temperança, fortaleza e caridade.
1. Humildade – O Reconhecimento da Verdade sobre Si
A humildade é a base, a argila com que se molda a alma realista. Reconhece-se pequeno, mas chamado para coisas grandes. Quem é humilde não se exalta, nem se rebaixa com falsa modéstia — conhece sua miséria, mas também sua vocação. A autoestima, sem humildade, é mentira ou ilusão: ou soberba disfarçada, ou vitimismo inconsciente. Só o humilde está em paz com quem é, porque não vive de máscaras. Sem humildade, todo edifício interior desaba sob o peso do orgulho não assumido.
2. Temperança – O Domínio de Si que Honra a Liberdade
Temperança é governo. Aquele que não se domina, não pode se respeitar. Autoestima que não se enraíza no domínio de si é indulgência com os próprios caprichos, e isso jamais gerará respeito verdadeiro, nem de si, nem dos outros. Quem não se ordena por dentro, não pode amar-se com verdade.
3. Fortaleza – A Dignidade que Resiste na Provação
A fortaleza é o pilar da firmeza e da perseverança. Autoestima não é um estado emocional de aceitação, mas a consciência de ser capaz de suportar o peso da própria vida com coragem. Quem foge do sacrifício jamais encontrará paz interior. A estima de si nasce do saber-se capaz de suportar, de lutar, de levantar-se — não porque seja invencível, mas porque não é covarde. A verdadeira autoestima não floresce no conforto, mas na fidelidade ao dever enfrentado.
4. Caridade – O Amor que Transforma e Irradia
A caridade ordena todo o ser ao Amor verdadeiro: o que se entrega, o que se sacrifica, o que busca em seus atos o bem do outro. É nela que a estima de si atinge o seu cume, pois só se pode amar a si mesmo quando se ama corretamente ao próximo e a Deus. Fora da caridade, o amor-próprio vira egoísmo; dentro dela, torna-se dignidade. O amor de si deve ser fruto da consciência de que fomos feitos para doar, não para nos consumir em nós mesmos.
Esses quatro pilares — humildade, temperança, fortaleza e caridade — não é sobre coisas vãs, ou egocêntricas, mas sobre integridade. Edifique sua estima sobre eles. E então, mesmo sob a tempestade do desprezo ou da solidão, você saberá: há algo em mim que ninguém pode destruir — não porque eu me afirme, mas porque fui fiel ao que sou chamado a ser.
Resumindo:
As diferenças entre os quatro pilares da autoestima de Walter Riso e os quatro pilares fundamentados nas virtudes não são apenas de ênfase ou de linguagem: elas revelam duas antropologias opostas, duas visões de mundo inconciliáveis. Uma propõe a autoconstrução do eu como fim; a outra propõe a autossuperação do eu como meio para a plenitude. Abaixo, destaco as diferenças essenciais, em cada pilar correspondente:
1. Consciência de Si (Walter Riso) vs. Humildade (Tradição)
Riso: Parte da premissa de que o autoconhecimento deve conduzir à autoafirmação e à valorização pessoal.
Virtude: A humildade conduz ao reconhecimento da verdade sobre si, que inclui tanto a dignidade quanto a miséria da condição humana.
Diferença essencial:
Riso promove o eu como centro do saber; a humildade, ao contrário, desmascara o orgulho disfarçado e recoloca o eu sob a luz da verdade objetiva.
A humildade não busca sentir-se bem consigo mesmo, mas ser verdadeiro diante de Deus e da realidade.
2. Autoaceitação (Walter Riso) vs. Temperança (Tradição)
Riso: Encoraja o acolhimento de si mesmo como se fosse o ponto final — muitas vezes justificando fraquezas ou limites sem transformá-los.
Virtude: A temperança é o freio interno que ordena os impulsos e desejos, guiando-os pela razão, não pelos sentimentos.
Diferença essencial:
Riso propõe um abraço permissivo das inclinações; a temperança convida a um governo nobre da alma, que exige esforço, ordem e renúncia.
A autoaceitação moderna facilmente se torna autoindulgência; a temperança jamais.
3. Responsabilidade Pessoal (Walter Riso) vs. Fortaleza (Tradição)
Riso: Aponta para a autonomia como poder de escolher e construir-se sem culpa ou dependência.
Virtude: A fortaleza não busca autonomia, mas fidelidade. Sustenta o bem apesar da dor, da incompreensão ou do cansaço.
Diferença essencial:
Riso confia na força do desejo; a fortaleza, na firmeza da vontade ordenada.
Enquanto o primeiro se limita à capacidade de fazer escolhas, o segundo exorta a suportar o peso do bem até o fim, mesmo contra si mesmo.
4. Autoafirmação (Walter Riso) vs. Caridade (Tradição)
Riso: Encoraja a imposição respeitosa de limites, a defesa do eu, e a recusa do que contraria o bem-estar pessoal.
Virtude: A caridade não busca o bem-estar próprio, mas o bem do outro — e, muitas vezes, à custa de si mesmo.
Diferença essencial:
Riso prega o empoderamento do eu; a caridade ensina a doação do eu.
A autoafirmação quer vencer para ser feliz; a caridade prefere servir para ser verdadeiro.
Diferença Essencial entre os Dois Conceitos
Uma busca conforto interior; a outra, conformidade com o Bem — mesmo que isso custe. E é precisamente nesse custo que reside a verdadeira dignidade.
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